quinta-feira, 31 de maio de 2007

Caio Fernando Abreu

.
.
"Não há memória, também. Você nunca o viu antes. Tenha a forma que tiver - um bebê, um cristal, um diamente, uma faca, uma pêra, um postal, em ET, uma moça, um patim - ele não se parece a nada que você tenha visto antes. Só está ali, à sua frente, como um punhado de argila à espera de que você o tome nas mãos para dar-lhe uma forma qualquer - um bebê, um cristal, um diamernte e assim pro diante. E se você não o fazer, ele se fará por se mesmo, o momento presente. Não chore por ele. No máximo um suspiro. Mas que seja discreto, baixinho, quase inaudível. Não o agarre com voracidade - cuidado, ele pode quebrar"
.
.
- Ao momento presente -
.
.
Pequenas Epifanias
.
.
.
.
.
"Gostavam de estar assim, agora sós, donos de suas próprias vidas. Embora, isso não disseram, não soubessem o que fazer com elas"
.
.
- Aqueles Dois -
.
.
Morangos Mofados
.
.
.
.
.
"Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente"
.
.
- Carta Anônima -
.
.
Pequenas Epifanias
.
.
.
.
.
"Porque esse talvez seja o único remédio quando ameaça a doer demais: invente uma boa abobrinha e ria, feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada"
.
.
- Deus é Naja -
.
.
Pequenas Epifanias
.
.
.
.
.
"Compreenda, eu só preciso falar com você. Não importam as palavras, os gestos, não importa mesmo se você continua a fugir e se empareda assim, se olha para longe e não me ouve nem vê ou sente. Eu só quero falar com você, escute"
.
.
"Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. Mas não de você, se sempre foram de ternura nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então assim tão de repente e duro, por que?"
.
.
- Diálogo -
.
.
Inventário do Ir-remediável

Nenhum comentário: